declínio

Penso em muitas coisas (muitas de verdade), algumas prefiro guardar pra mim, outras falo e acerto, outras falo e erro. Deveria ter ficado calada na maioria das vezes em que falei. E é isso que vou aprendendo ao longo da vida. Falar quando necessário, calar na maioria das vezes. Ainda falo muito, e essa overdose de palavras é tão maléfica quanto qualquer entorpecente. Faz mal, vicia! 

O silêncio dentre várias coisas boas, traz consigo o dom da observação. Calada consigo observar e refletir coisas que eu nunca imaginei enquanto falava. Dentre elas, o tanto que falo, e como falo coisas desnecessárias. Calo-me e faço o que devo aqui, sozinha. Sem gritar aos quatro ventos que fiz. 

Se ajudo ao podre, cuido de moradores de rua, oferto, levanto castelos, obedeço meus pais, sou fiel e de bom caráter, ou nada disso, que eu guarde pra mim. Ninguém precisa ficar sabendo disso, não faço mais que minha obrigação!  O self, que hoje é mais inimigo que amigo, traz consigo uma legenda, na terceira entrelinha. Uma legenda chamada EGO. 

Enquanto me deparo obcecada pela atenção das pessoas, e querendo todos os holofotes do picadeiro social virados pra mim, me afogo e me perco. Perco-me em uma porção de boas intenções, cravejadas com brilhantes da corrupção da índole. Perco os sentimos e principalmente, perco o propósito. 

O que quero dizer com isso tudo? Nada. Talvez esse texto todo, com essas palavras difíceis que não uso no dia-a-dia sejam apenas pra te impressionar, e passar por cima do sentido do próprio texto. É tudo auto promoção. 

Enquanto escrevia isso, uma coisa aconteceu. Mais uma vez fui tratada, sinto a cura. Sei, tenho plena convicção de que é gradual. Possivelmente passarei minha vida inteira, até o último suspiro tentando livra-me do ego. Que o Senhor tenha misericórdia de mim. Sou a mais miserável e desprezível das criaturas.

Que em 2015, minhas promessas se revertam em atitudes, e que todo o meu discurso minguado e clichê sirva de verdade. Que eu crie vergonha na cara, que seja uma mulher melhor, que a humildade não se torne um troféu, que  administre o meu tempo, fale menos, ouça mais, que não dê desculpas, que pare de gastar compulsivamente, que seja definitivamente fiel nas finanças e em todas as coisas que fizer, que eu seja forte na área em que sou fraca. E que principalmente, que Ele seja tudo em mim.