o lugar da dor

Como uma boa entendedora do sentir, minha primeira dica é que você não fuja da sequência. Não burle as regras, não passe a fase, não mude de caminho. Tudo o que está acontecendo agora, por acaso, declínio ou dádiva, deveria acontecer. 

Espero que não se sinta incomodado daqui para frente. Te chamo para estar mais perto, e juntinho. Tire as sandálias dos pés e me acompanhe, vou te falar algumas coisas sobre a vida. 


Não irei certificar meu gabarito em dor, porque não é sobre a quantidade de sofrimento que falaremos aqui, mas sim, sobre a racionalidade sobre isso que nos incomodamos tanto. 

Por mais louco que pareça, a primeira coisa que tenho para falar é, não fuja! É importante entender o motivo de tudo que se sente (sozinho ou com auxílio) e a partir disso tratar de forma natural. Porque afinal de contas, é natural doer. 

O sorriso tem a mesma proporção do choro, mas por algum motivo idolatramos apenas os dias bons. Com o tempo, eu percebi que muito do que sentia não era apenas reflexo de atitudes minhas, mas era também a forma como tudo deveria lidar, acontecer. 

Em uma auto análise, percebo a dor em um ambiente superficial no meu ser. Consegue entender?
É como se ela não atingisse mais locais profundos como atingia antes. O iceberg não existe mais, a maior parte do gelo não está no fundo da minha alma, mas realmente onde os olhos conseguem ver. Por isso surge a racionalidade em prosseguir, mesmo que cansada, ou sentindo-se no escuro.

Mas não foi sempre assim, então não quero dizer que será fácil passar por ela, quando ela enfim, decidir chegar. Com isso, também não certifico que isso acontecerá com todo mundo. 

A dor que sentimos será a patente em nossos ombros daqui uns dias. Isso te dará inteligência (emocional e mental) para ajudar alguém, quiçá. É bom imaginar que por pior que seja o que está passando, lhe trará algum proveito mais tarde. 

Por experiência própria, a rotina de fugir e maquiar a dor, sempre fará com que ela doa mais. Logo, resolva isso, passe para uma nova fase. 

A vida é de verdade, não há produção cinematográfica ou ilusões quando se decide vivê-la. Então, façamos algo juntos, prossigamos em conjunto. Na tentativa de ao menos aliviar a dor quando ela chegar, mas sem passá-la ao que te acompanha, porque querendo ou não, o lugar da dor sempre será um. 

Embora ela tenha chegado, e esteja aqui hoje, o lugar da dor nunca será morada. Ela é viajante e não constrói um lar. Diferente do que se pensa, ela gosta mesmo é de temporadas, estender esse período pode ser uma decisão nossa. 

Assim que chegar a hora, abra a porta para que ela entre, mas não perca o dia e horário em que ela precisa ir embora. A porta também precisará estar aberta nesse dia. 


Comentários

Postagens mais visitadas