Em você, o que falta em mim | BLOG DA BÁ

Uma vez uma amiga falou que nós julgamos as pessoas nos baseando naquilo que nos falta. Para que você entenda melhor, seria mais ou menos assim: Cobro dos outros perfeição, mas sou imperfeito. Cobro verdade, mas não sou verdadeiro. Cobro tudo o que não tenho em mim mesmo.


Foto de Alex Iby no Unsplash

Isso já tem uns 5 anos - nunca esquecerei. A partir daquele momento comecei a refletir sobre a forma como vivemos e convivemos. A forma como tratamos as pessoas e desejamos delas ou por elas.

Dessa vez não partirei de uma ótica religiosa. Logo, não citarei passagens bíblicas para devanear sobre o tema. Apesar da mão coçar para citar Mateus 7:5. Ops!

Mas gostaria de falar sobre uma falência moral. Algo que reflete os nossos dias atuais.
Nossos problemas são guardados. Confessar nossas falhas, traumas ou monstros é uma possibilidade quase nula. Não estamos prontos para falar, nem prontos para ouvir. Mas curiosamente, cabe em nós uma vontade insaciável de controlar ou ditar a vida dos outros.

Outro dia lembrei de algumas vezes em que fui alvo de julgamento por pessoas que acreditavam, por algum motivo, que eu era ou deveria ser como elas gostariam que eu fosse. Mal sabem que vivo do meu próprio mal, do meu veneno e combustível. E ao dizer isso, atesto algo que é irreversível: a minha HUMANIDADE.

Estou ciente de quem sou e do que preciso ser. Penso sobre o julgo que faço sobre o outros. Reflito em minha própria falência. Em seguida, percebo que não estou e nunca estarei no lugar do outro. Ainda que seja empática, ainda que responsabilidade afetiva e emocional sejam primordiais, ainda que ainda.

Mas me resta tentar. A empatia, o amor, a sororidade, a responsabilidade afetiva, a parte em que olho para o próximo, deixo-o dizer e ser, abraço-o por ser quem é - celebro sua diferença, dou-lhe a oportunidade, defendo seus pensamentos, sua existência. - Após esse movimento dentro de mim, crio uma ponte que me dará acesso àquilo que nos une. E após unirmos, JUNTOS, nos tornamos melhores. - Para nós mesmos, para o outro, para o mundo - para a vida.


Enquanto nossos olhos não olharem para o que e quem somos, eles estarão distraídos com a vida do outro. E mais, prontos para cobrar deles aquilo que não somos - lugares onde não estamos.


Por amor, por vida, por humanidade.

Ser quem somos, celebrar quem são, unir quem seremos.




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