cheguei aos 30.

 Às vezes, em crise, sinto que me falta algo. Não adianta me perguntar o que falta, com certeza eu não saberei dizer. Então, questiono a mim mesma. Será que esse “não saber dizer”, declara a inexistência da falta? E se é inexistente, não seria a comprovação daquilo que não tenho? Complicado. 


Photo by Joel Filipe on Unsplash

Esse não seria um texto para o blog. Seria só uma carta como as diversas que faço a mim mesma, para que eu consiga descarregar os milhares de mundos que carrego aqui dentro. Mas daí lembrei que há quase quinze dias completei 30 anos e que, nos anos anteriores, escrevi um texto na comemoração de cada idade. 


Enquanto findava o primeiro parágrafo, uma voz me disse: Ora, mais um texto sobre uma crise? Um texto sofrido como todos os outros que escreveu aqui? 


    sim. 


O que muda dentro de mim, a cada dia, é muito e nada. Ao mesmo tempo que me sinto uma mulher completamente diferente dos dias anteriores, me sinto passando pelos mesmos perrengues mentais. Existenciais. E enquanto esses pensamentos transmutam, por muitas vezes me sinto pior. Pior do que já fui, repetindo algum processo que pensava já ter passado, superado, tratado. FINDADO. 


Talvez esse seja o meu problema. Talvez, seja esse pensamento de que a vida deixa de trazer as mesmas histórias e que eu sou totalmente diferente. Penso que pode ser que a certeza seja o “reacontecimento” dos fatos - que as coisas até vão acontecer, mas que poderão retornar se necessário. Ciclicidade. 


Retornei ao lugar onde não me encontro. Um único motivo, um gatilho e, aparentemente, uma jornada inteira perdida. É como me sinto agora. É como eu não gostaria de me sentir, inclusive. 


Parei de sonhar em me entender e me explicar. Pode ser que nessa “não tentativa” de fugir de mim mesma, eu encontre ainda mais pessoas como eu. Vastas por dentro e por fora, que sentem muito e de tudo um pouco. Que em momentos se amam e em outros se odeiam, que amam a vida e que em segundos questiona a própria existência.   


Pesei o rolê. Até eu senti aqui. Desculpa por isso mas, de verdade, eu precisava tentar descrever o que está aqui dentro, machucando. 


Apostei comigo mesma que hoje conseguiria dar o passo que preciso. Sair do meu estado de inércia, de introspecção e desamor. Acordei feliz até, achei que conseguiria ir para a academia às 6h, tomar o suco verde que me prometi tomar. Falhei miseravelmente. 


Por fim, talvez esse texto não seja para o blog. Não tenha que ser público. Mas como não tenho outro lugar seguro para guardar, aqui está. 


Com a esperança de dias em que eu me sinta melhor, ainda que tudo lá fora vá mal. Ah, e você também. Que tudo aqui dentro de nós melhore.


Enquanto escrevia, ouvia: Mary did you know? - Maverick City Music.

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